segunda-feira, 30 de julho de 2007

Objecto quase




“Nós, homens, somos frágeis, mas, em verdade, temos de ajudar a nossa própria morte. É talvez uma questão de honra nossa: não ficarmos assim inermes, entregues, darmos de nós qualquer coisa, ou então para que serviria estar no mundo? O cutelo da guilhotina corta, mas quem dá o pescoço? O condenado. As balas das espingardas perfuram, mas quem dá o peito? O fuzilado. A morte tem esta peculiar beleza de ser tão clara como uma demonstração matemática, tão simples como unir com uma linha dois pontos, desde que ela não exceda o comprimento da régua.”(José Saramago, “Objecto Quase”)

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